O Sudário de Turim, ou o Santo Sudário (na foto) é uma peça de linho que mostra a imagem de um homem que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucificação. O Sudário está guardado na Capela della Sacra Sindone do Palácio Real de Turim, desde 1578. Em 1983, passou a ser pertença do Vaticano, depois de uma doação dos proprietários da casa de Sabóia.
Muitos católicos acreditam que seja o tecido que cobriu o corpo de Jesus Cristo no momento da sua morte. A imagem no manto é na realidade muito mais nítida na impressão branca e negra do negativo fotográfico que na sua coloração natural. A imagem do negativo fotográfico do manto foi vista pela primeira vez na noite de 28 de Maio de 1898 através do negativo feito pelo fotógrafo amador Secondo Pia que recebeu a permissão para fotografá-lo durante a sua exibição na Catedral de Turim. De acordo com Pia, ele quase deixou cair a chapa fotográfica devido ao choque de nela ter visto claramente a imagem de uma pessoa.
A origem da peça conhecida como Santo Sudário tem sido objecto de grande polémica. Para descrever o seu estudo geral, os historiadres cunharam o termo "sindonologia", a palavra usada no evangelho de Marcos para descrever o tipo de tecido comprado por José de Arimateia para usar como mortalha em Jesus. O tecido mostra as imagens frontal e dorsal de um homem nu, com as mãos pousadas sobre as partes baixas, consistentes com a projecção octogonal, sem a projecção referente à parte lateral do corpo humano. As duas imagens apontam em sentidos opostos e unem-se na zona central do pano. O homem representado no sudário tem barba e cabelo comprido a altura dos ombros. Tem um corpo bem proporcionado e musculado, com cerca de 1,75 de altura. O sudário apresenta ainda diversas nódoas encarnadas que, interpretadas como sangue, sugerem a presença de várias feridas. As primeiras referências a um possível sudário surgem na própria Bíblia. O Evangelho de Mateus 27:59 refere que José de Arimateia envolveu o corpo de Jesus Cristo com "um pano de linho limpo". João 19:38-40 também descreve o evento, e relata que os apóstolos Pedro e João, ao visitar o túmulo de Jesus após a ressurreição, encontraram os lençóis dobrados Jó 20:6-7. Embora depois desta descrição evangélica o sudário só tenha feito a sua aparição definitiva no século XIV, para não mais ser perdido de vista, existem alguns relatos anteriores que contêm indicações consistentes sobre a existência de um tal tecido em tempos mais antigos.
A primeira menção não-evangélica a ele data de 544, quando um pedaço de tecido mostrando uma face que se acreditou ser a de Jesus foi encontrado escondido sob uma ponte em Edessa. As suas primeiras descrições mencionam um pedaço de pano quadrado, mostrando apenas a face, mas São João Damasceno, na sua obra anti-iconoclasta "Sobre as imagens sagradas", falando sobre a mesma relíquia, descreve-a como uma faixa comprida de tecido, embora afirmasse que se tratava de uma imagem transferida para o pano quando Jesus ainda estava vivo. Em 944, quando esta peça foi transferida para Constantinopla, Gregorius Referendarius, arquidiácono de Hagia Sophia pregou um sermão sobre o artefacto, sermão esse que foi dado como perdido até ser redescoberto em 2004 num manuscrito dos arquivos do Vaticano. Neste sermão é feita uma descrição do sudário de Edessa como contendo não só a face, mas uma imagem de corpo inteiro, e cita a presença de manchas de sangue. Outra fonte é o Códex Vossianus Latinus, também no Vaticano, que se refere ao sudário de Edessa como sendo uma impressão de corpo inteiro.
Outra evidência é uma gravura incluída no chamado Manuscrito Húngaro de Preces, datado de 1192, onde a figura mostra o corpo de Jesus a ser preparado para ser sepultado, numa posição consistente com a imagem impressa no sudário de Turim. Em 1203, o cruzado Robert de Clari afirmou ter visto o sudário em Constantinopla nos seguintes termos: "Lá estava o sudário em que nosso Senhor foi envolto, e que a cada quinta-feira é exposto de modo que todos possam ver a imagem de nosso Senhor nele". Seguindo-se ao saque de Constantinopla, em 1205 Theodoros Angelos, sobrinho de um dos três imperadores bizantinos, escreveu uma carta de protesto ao papa Inocêncio III, onde menciona o roubo de riquezas e relíquias sagradas da capital pelos cruzados, e dizendo que as jóias ficaram com os venezianos e relíquias tinham sido divididas entre os franceses, citando explicitamente o sudário, que segundo ele havia sido levado para Atenas nessa época. Dali, a partir de testemunhos da época o sudário teria sido tomado por Otto de la Roche, que se tornou Duque de Atenas.
Segundo a pesquisadora italiana Barbara Frale, os templários teriam mantido o sudário por um século na sua posse e transportando-o para França. Ainda há controvérsia se o sudário de Edessa chamado Mandylion seria o mesmo de Turim, tendo em vista referências que indicariam a sua presença em Constantinopla até 1362, cinco anos após a sua aparição no Ocidente. Aqui começa então a parte da história do sudário que está bem documentada. O sudário reapareceu em 1357 em poder da viúva de Jean de Charney, neto do templário Geoffroy de Charney, que o exibiu na igreja de Lirey. Não foi dada nenhuma explicação para a sua súbita aparição, nem a sua veneração como relíquia, que foi imediatamente aceite. Henrique de Poitiers, arcebispo de Troyes, apoiado mais tarde pelo rei Carlos VI de França, declarou o sudário como uma impostura e proibiu a sua adoração. A peça conseguiu, no entanto, recolher um número considerável de admiradores que lutaram para manter a sua exibição nas igrejas. Em 1389, o bispo Pierre d’Arcis (sucessor de Henrique) denunciou a suposta relíquia como uma fraude fabricada por um pintor talentoso, numa carta a Clemente VII (em Avinhão). D’Arcis menciona: Até então tenho sido bem sucedido a esconder o pano, e revela ainda que a verdade lhe fora confessada pelo próprio artista, que não é identificado. A carta descreve ainda o sudário com grande precisão. Aparentemente, os conselhos do bispo de Troyes não foram ouvidos visto que Clemente VII declarou a relíquia sagrada e ofereceu indulgências a quem peregrinasse para ver o sudário.
Em 1453, o sudário foi trocado por um castelo (não vendido porque a transacção comercial de relíquias é proibida) com o duque Luís de Sabóia. A nova aquisição do duque tornou-se na atracção principal da recém construída catedral de Chambéry, capital do Ducado de Sabóia, de acordo com cronistas contemporâneos, envolvida em veludo carmim e guardada num relicário com pregos de prata e chave de ouro. O sudário foi mais uma vez declarado como relíquia verdadeira pelo Papa Júlio II em 1506. Em 4 de Dezembro de 1532, o sudário foi danificado por um incêndio que atingiu a sua capela e pela água usada para o apagar.
As primeiras análises ao sudário foram realizadas em 1977 por uma equipa de cientistas da Universidade de Turim que usou métodos de microscopia. Os resultados demonstraram que a imagem do sudário é composta por inúmeras gotículas de tinta fabricada a partir de ocre. Em 1978, a equipa americana do STURP (Shroud of Turin Research Project) teve acesso ao sudário durante 120 horas. A equipa era composta por 40 cientistas, dos quais apenas 7 católicos e um ateu, Walter C. McCrone, que se retirou logo no início das investigações. Foram realizados muitos exames que envolveram diversas áreas da ciência, como fotografias com diferentes tipos de filme, radiografia de raio X com fluorescência, espectroscopia, infravermelhos e retirada de amostras, mas não foi autorizado fazer o teste por datação de carbono -14. Em 1988, a Santa Sé autorizou os primeiros testes de datação radiométrica do sudário, segundo o método do carbono -14. Foram colhidas três amostras que foram entregues a três laboratórios independentes: Universidade de Oxford (UK), Universidade do Arizona (EUA) e o ETH Zürich (Suíça). Todas as análises revelaram idades entre os séculos XIII e XIV, mais concretamente no intervalo 1260-1390. Apesar de os resultados serem claramente posteriores ao século I, a variação que apresentam é demasiado longínqua no tempo e não parece deixar dúvidas quanto a falsa veracidade que a igreja preconiza. Mesmo assim a mesma equipa pediu autorização ao Vaticano para efectuar mais testes mas, até à data, esta pretensão tem vindo a ser recusada com o argumento de que a colheita de mais amostras poderia danificar a peça.
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