A Occitânia é uma nação sem Estado na Europa, que compreende as regiões históricas da Provença, o Limousin, o Auvergne, a Gasconha, e o Languedoc.O sistema linguístico e cultural do Occitâno também incluí alguns vales alpinos na Itália e o Vale de Arán na Catalunha. Embora a língua natural do país seja o Occitâno fragmentado em meia dúzia de dialectos diferentes, estima-se que apenas 4 milhões de Occitanos (16% da população) tenham este idioma como o materno. A progressiva substituição do Occitâno pelo francês começou no século XVIII e continua na actualidade, já que as crianças da Occitânia não podem ser escolarizadas nesta língua. A Occitânia também, por vezes, (le País d'Oc, o País d'Oc), é a região do sul da Europa, onde o Occitâno foi historicamente a principal língua falada, e onde às vezes é usado ainda, na sua maior parte como uma segunda língua. Esta área abrange de forma cultural metade do sul de França, assim como o Mónaco e localidades menores de Itália, Espanha e o Vale de Arán.
A Occitânia tem sido reconhecida como um conceito cultural e linguístico desde a Idade Média, mas nunca foi legalizada, como uma entidade política, embora o território estivesse unido no início da Idade Média com a Aquitânia ou o Reino Visigodo de Toulouse, antes da conquista francesa que começou no século XIII. Actualmente, cerca de meio milhão de pessoas dos 14 milhões na área têm um conhecimento aprofundado do Occitâno, embora as línguas mais faladas na área normalmente sejam o francês, italiano, catalão e espanhol. Desde 2006, a língua Occitana tem sido uma das línguas oficiais da Catalunha, que inclui o Vale de Arán, onde o Occitâno ganhou status oficial em 1990. A maioria da Occitania era conhecida como Aquitânia, por si só parte de sete províncias com a maior sendo a Provença, enquanto as províncias do norte do que hoje é a França foi chamada de Gália. Assim, o histórico Ducado da Aquitânia não deve ser confundida com a região francesa moderna chamada Aquitânia: A língua da Occitânia aparece em textos latinos já a partir de 1242-1254 até 1290 e durante os anos seguintes do início do século XIV, existem textos em que a área é referida indirectamente como: O país do idioma Occitâno (Pátria Linguae Occitanae.) Isso deriva do nome Língua d’Oc (que foi usado em italiano por Dante no século XIII. A língua d'Oc começou a ter um interesse determinante para os historiadores com o estudo aprofundado que foi sendo desenvolvido á volta do povo que aqui viveu durante a idade Média: nomeadamente os Cátaros. Povo este que viria a ficar ligado a estas terras de uma forma trágica e indelével, Por terem persistido em manter o sua forma de vida e princípios singulares mesmo sabendo que tudo iria acabar na fogueira. Independentemente de concordarmos com a sua maneira de pensar e agir ou não, cabe a cada um de nós pelo menos respeitar essa ideologia, e é sem dúvida graças a pessoas com essa forma de pensar, que hoje conhecemos um pouco mais desse povo que para muitos foram os hereges, mas que para outros foram simplesmente os Cátaros, Pessoas que pensavam e agiam de uma forma diferente da maioria, e que só por isso lhe foi retirado o direito de pensar e agir de uma forma dramática e cruel. Mas afinal quem foi este povo?
Os Cátaros
O único testemunho concreto de sua existência, além dos documentos eclesiásticos, são os castelos em que habitavam. É comum suceder com frequência com todas as culturas que mais nos atraem, e talvez por isso são aquelas das quais não ficou quase nenhum rastro e das quais não dispomos de muitas referências para as podermos estudar e conhecer mais profundamente, como é o caso dos cátaros, de onde o único testemunho mais concreto da sua existência advém dos castelos onde habitavam. É por isso que todas estas culturas e religiões despertam grande curiosidade e interesse, e são envolvidas numa bruma e um alento de mistério.
A Idade Média é uma etapa da história da humanidade muito marcada pela pressão religiosa, imposta desde Roma e materializada através da tão temida Inquisição e nas suas Cruzadas, tanto na Terra Santa como na Reconquista da Península Ibérica aos mouros. Durante muito tempo os cátaros foram tolerados e eram relativamente poucos. Sem embargo o Catarismo, com o tempo, foi-se tornando forte e começou a estender-se por toda a Occitania, até chegar a um ponto em que se tornou demasiado incómodo tanto para Roma como para a própria França. Um bastião religioso no centro da Europa não fazia mais que estorvar a implantação do cristianismo de Roma no continente, e um território não católico era o pretexto ideal da Coroa Francesa para anexar as terras do Languedoc e expandir-se por toda a zona que hoje conhecemos como Sul de França.
Por esta razão, e também pela força que assumiu o Catarismo em 1209, o Papa Inocêncio III estimulou os fiéis a ir para as cruzadas contra os hereges, sendo esta a primeira cruzada feita contra cristãos num território franco. O presente que o santo Padre prometeu em compensação para aqueles que participassem da campanha, era a partilha e a doação das terras aos barões que as conquistassem, ou seja, converter-se-iam em senhores feudais.
O Carrasco Dos Cátaros
O Pontífice incitou então o conde de Toulouse a perseguir os seus súbditos hereges.
Raimundo VI fez jogo duplo, expulsando alguns deles, mas por outro lado permitindo que um grupo de soldados tivessem assassinado o legado papal, Pedro de Castelnau em1208. Inocêncio III não esteve com meias medidas e excomungou o Conde, usando o seu direito e poder que era conferido a um papa na idade média, desligando assim os seus súbditos do juramento de fidelidade, e pregou uma cruzada contra os albigenses. Entretanto, o rei da França, Felipe Augusto, suserano de Raimundo VI, e por isso mais directamente responsável pela cruzada, não acorreu ao chamado do Papa por estar em guerra contra João Sem-Terra, da Inglaterra. Mas libertou os seus vassalos para esse fim.
Uma multidão deles atendeu de imediato ao apelo do pontifício, entre os quais o conde Simão de Montfort, que foi eleito capitão general da empresa e chefe supremo do braço armado da igreja. Simão IV, conde de Montfort, foi o segundo filho de Simão III e de Amícia, filha de Roberto de Beaumont, conde de Leicester, na Inglaterra. Nasceu aproximadamente em 1150.Tendo sucedido a seu pai como barão de Montfort em 1181, casou-se em 1190 com Alice de Montmorency, de quem teve três filhos. Em 1198 partiu para a Palestina com uma tropa de cavaleiros franceses, mas obtiveram poucos êxitos. Em 1202 participou na IV Cruzada. Mas ao ver que os seus companheiros se desviavam do fim piedoso que os tinha movido, ao tomarem de assalto Constantinopla, separou-se deles e foi para a Terra Santa, onde se cobriu de glória. Alguns anos mais tarde, em 1209, aderiu à cruzada convocada pelo Papa Inocêncio III contra os albigenses, no sul da França. Foi dito sobre ele (que era feito da madeira com que se fazem os fundadores de Estados.) Era um homem formoso, hábil, prudente, intrépido, de heróico valor, incansável, eloquente, e afável; soube inspirar nos seus súbditos uma fervorosa adesão, e exercia sobre os seus inimigos uma forma de fascínio que os paralisava. O Papa, temendo o desaparecimento da Igreja naquelas paragens, incentivou Simão a combater tenazmente todos os hereges: Olhai o paladino de Cristo, o sangue dos justos, Deus clama por ti para que ponhas diante da Igreja o escudo da fé contra os seus inimigos! Levanta-te e cinge-te da espada! Eis os princípios pelos quais Simão De Montfort se pautou para dar inicio á sua sangrenta campanha contra os Cátaros:
Acusa-se Simão de Montfort de excessos na sua campanha, mas há que ter em conta os usos bárbaros que ainda persistiam naquele século, e muitas das injustiças e barbaridades que praticou, telas-á feito com a convicção de quem está a defender uma causa em que acredita piamente. E nem sequer admite a sua contestação. Sobretudo é necessário ressalvar a crueldade com que também, os albigenses desferiam os seus ataques às igrejas e mosteiros, e o seu ódio à Religião católica aliado ao seu fanatismo religioso que causavam a justa indignação no ânimo dos seus adversários católicos. Teremos de ter em conta que o maior inimigo da razão, seja na politica, no desporto ou na religião e sem duvida o fanatismo, e nada nos diz que na Idade Média o fanatismo se tenha apoderado de muitos dos chamados cátaros ou albigenses, mas que na realidade pouco ou nada sabiam das bases em que essa religião se fundamentava, como muitas das pessoas que hoje em dia dizem mal do seu clube de futebol ou do seu partido politico e quando questionados sobre a causa da sua discórdia em relação á atitude tomada por os seus lideres não sabem responder, e a maior parte das vezes nem sequer sabem a historia dessas organizações, dizem mal ou bem consoante aquilo que está na moda. Ademais, aquela guerra adquirira ainda o carácter e o sentido de uma guerra de civilizações, por o ódio que dividia então as duas religiões – os franceses do norte e os Franceses do sul – tão diferentes pela sua língua, cultura, costumes e grau de civilização.
Se não fosse o valor e a energia de Simão de Montfort, provavelmente a chamada heresia albigense teria dominado não só o sul da França, mas também ter-se-ia estabelecido na Itália e outros países europeus, e quem sabe, hoje talvez estivéssemos a falar da religião Cátara coma a rainha de todas as religiões e do cristianismo como uma seita de heréticos da idade média. Eu, pessoalmente, fico imensamente triste quando verifico que vivemos num mundo que por mais democrático que pareça ainda pende para as organizações políticas e religiosas que prevalecem só porque são a maioria. Quem é que me garante que a razão não possa estar do lado da minoria? Em 1213 Simão derrotou o Rei Pedro de Aragão, genro de Raimundo, na batalha de Muret.Os albigenses foram então esmagados, mas Simão continuou a guerra como sendo uma guerra de conquista, tendo sido indicado, pelo Conselho de Montpellier, como senhor de todos os recém- conquistados territórios, foi-lhe atribuído o Titulo de Conde de Toulouse e Duque de Narbonne em 1215. O Papa confirmou essa indicação, entendendo que ele completaria efectivamente a supressão da heresia. Mas não era o fim da guerra. Em 1218 Raimundo de Toulouse voltou de Espanha, para onde fugira. Com a ajuda do seu sobrinho Jaime I, de Aragão, formara um poderoso exército, e com ele cercou Toulouse. Simão de Montfort estava a assistir à Missa quando lhe foram dar a notícia. Era antes da Consagração. Respondeu ele: “Não vou para a guerra enquanto não tiver visto o meu Salvador”. E quando o sacerdote elevava a Hóstia, ele estendeu as suas mãos ao céu e exclamou: “Senhor, deixa que este teu servo morra em paz, se é a tua vontade”. E logo montou o cavalo correndo para o lugar da batalha, quando viu o seu irmão Guido de Montfort a cair do cavalo, ferido de morte por uma seta. Nesse momento uma pedra, atirada por uma máquina de guerra, rebentou-lhe a cabeça. Simão De Montfort morre de imediato recomendando a sua alma a Deus. Foi enterrado no mosteiro de Haute-Bruyère. A morte do intrépido comandante provoca a retirada dos cruzados para um acampamento fortificado, enquanto na cidade os rebeldes cheios de alegria, fizeram tocar a repique os sinos de todas as igrejas, anunciando a morte daquele que terá sido o responsável por a maior das atrocidades cometidas contra o seu próprio povo na Idade Média.
Dos três filhos do heróico comandante, o mais velho, Amaury, herdou as suas possessões francesas; e o jovem, com o mesmo nome do pai, torna-se seu sucessor como barão de Leicester, desempenhando mais tarde um importante papel na história da Inglaterra. Amaury, filho de Simão, estava longe de ter o valor do pai. Tanto ele quanto Raimundo VII, que também sucedera ao pai, cederam os seus direitos sobre o território ao rei da França. O Concílio de Toulouse, em 1229, confiou a vigilância religiosa do território à Inquisição. Mais tarde, em 1233, esta passou para os (Dominus-Canis Cães de Deus) ou mais vulgarmente conhecidos por Dominicanos. Mas esta suposta e perniciosa heresia, só iria desaparecer no final do século XIV. Entretanto, Simão de Montfort tinha dado um golpe murtal a este povo que apesar de todas as historias, negativas ou positivas que chegaram aos dias de hoje, mereciam certamente ter tido uma oportunidade que lhes tivesse permitido por em prática as suas crenças. Eu sempre achei que independentemente de sermos muitos ou poucos, tanto as maiorias como as minorias devem ter os mesmos direitos e merecer o mesmo respeito das entidades que nos governam, pois o nosso sentimento não depende directamente de sermos muitos ou poucos, mas sim daquilo que realmente somos….
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