Apelidada de "A Cidade Dourada ", a cidade de Caen tem uma rica herança religiosa que consiste em igrejas antigas e mosteiros, muitos dos quais foram destruídos depois da Revolução Francesa e durante a Batalha de Caen, em 1944. A urbanização da cidade veio, no entanto, enriquecer o património. Antes da Revolução Francesa, a herança religiosa de Caen era particularmente densa. A cidade era pontuada com 23 igrejas e capelas. Nesses locais de culto aberto aos paroquianos, havia dois mosteiros e 15 conventos urbanos espalhados por toda a cidade e os seus subúrbios. A fundação da primeira igreja ao longo da antiga estrada romana data do século VII de seu nome Saint-Martin e marca a localização do cristianismo na Normandia. Esta e outras igrejas construídas na mesma época, eram o centro de pequenas aldeias isoladas no vale do Orne e Odon.
Nos finais do século X, com o renascimento religioso acompanhado do reinício do grande Ducado da Normandia, as igrejas de Saint-Étienne-le-Vieux, (na foto acima) Saint-Sauveur, Saint George, Saint-Gilles e, provavelmente, Saint-Michel-de-Vaucelles foram construídas. Uma cidade composta por vários núcleos, começa a tomar forma no eixo entre Saint-Pierre Saint-Martin via Saint-Sauveur. Esse movimento é confirmado e posteriormente aumentado no século XI pela política de William, o Conquistador e Matilde de Flandres. O casal ducal fundava ao mesmo tempo, as igrejas de Saint-Ouen e Saint-Nicolas no Abbé Bourg, para desenvolver novos bairros a oeste da abadia, mas a urbanização nesta área não se desenvolveu da forma esperada, vindo a crescer bastante mais tarde nos finais do século XIX. A cidade de Caen cresceu ao longo da Idade Média, apesar das guerras que a devastaram.
Muitas congregações religiosas foram instaladas nos muros da cidade ducal, especialmente nos séculos XII-XIII E XIV. No início do século XVII, mais de um terço da população de Caen era protestante. Foi construída em 1612 a igreja protestante, que veio a ser destruída após a revogação do Édito de Nantes em 1685 e faz parte da tumultuosa história das guerras religiosas em França.
A implementação do Calvinismo foi seguida por um movimento de Contra-Reforma que é acentuada em Caen com a introdução da reforma da Saint-Maur nos dois mosteiros e a fundação de novas ordens religiosas. A multiplicação de ordens religiosas marca o retorno à ordem católica com a fundação em Caen, no ano 1640 da Congregação de Jesus e Maria. Apesar da oposição das elites em Caen, protestantes e católicos moderados, os jesuítas também ai se estabeleceram em 1603, onde fundaram um colégio em 1609 para formar as consciências dos católicos. O colégio foi destruído em 1944, mas a herança dos jesuítas ainda está presente através da Notre-Dame-de-la-Gloriette. Enquanto isso, as abadias e conventos existentes, muitas vezes delapidadas do seu espólio, foram reconstruídas (Abbaye aux Hommes, Abbaye aux Dames e o Convento das Carmelitas). Como no resto da França, a Revolução Francesa é um corte limpo na história religiosa. Após a passagem da Constituição Civil do Clero em 12 de Julho de 1790, todos os conventos e mosteiros foram fechados. Uma ordem de 12 de Julho de 1791 reduziu o número de paróquias de 13 para quatro (Saint-George, Saint-Martin, Saint-Nicolas e Saint-Julien). As igrejas de Saint-Étienne-le-Vieux e Saint-Sauveur-de-Market são fechados. Em 1793, todas as igrejas são abandonados, com excepção de Saint-Peter e Saint-Stephen, transformadas em templos para o culto da Razão e do Ser Supremo.
Um número de edifícios religiosos foram, então, vendidos a pessoas que os adquiriram para desmantelar e reutilizar a pedra como foi o caso do mosteiro de Saint-Martin. Outros foram demolidos, a fim de abrir novas ruas que ainda hoje carregam o seu nome (jacobinos e Carmelitas). Muitos conventos são transformados em prisões e quartéis militares, veja-se o caso do Convento da Visitação, ainda ocupado pelo exército. A existência de St-Etienne-le-Vieux está datada do ano 1066, mas provavelmente foi construída anteriormente, como já referi em finais do século X. Foi então que começou a ser chamada de "velho" de Santo Estêvão, porque a nova igreja adjacente á Abbaye aux Hommes também foi dedicada a Santo Estêvão.
A igreja românica original foi destruída durante os cercos Inglês de 1346 e 1417 (Guerra dos Cem Anos) e posteriormente reconstruída em estilo gótico. Durante a Revolução Francesa foi usada como um estábulo. A antiga igreja foi salva da demolição por Arcisse de Caumont em 1847, mas foi parcialmente destruída num bombardeamento de 1944, na segunda guerra Mundial. (Arcisse de Caumont fundou a Sociedade de Antiquários da Normandia e da Linnean Society da Normandia em 1823, a Sociedade Francesa de Arqueologia, em 1833, e a Empresa de conservação de monumentos) A Igreja Velha de Santo Estêvão foi deixada em ruínas, para criar um espectáculo bonito e intrigante, perto da Abbaye aux Hommes. O corredor da nave desapareceu completamente, mas o corredor norte do transepto e a torre de menagem ainda estão de pé. Esta igreja está localizado ao lado do "Abbaye aux Hommes em Caen, estas belas ruínas do St-Etienne-le-Vieux, são o que resta de uma igreja medieval destruída pela metade durante a Segunda Guerra Mundial.
É uma das poucas igrejas da cidade, que permanece neste estado para guardar a memória dos fatos. Saint -Étienne-le-Vieux resistiu muito tempo até que as bombas da Segunda Guerra Mundial a destruíssem. Esta foto mostra o que resta hoje dessa maravilhosa igreja. No entanto, não perca uma visita ao interior, que tem vindo a ser restaurado e tem muito para oferecer.
Infelizmente o ser humano teima em esquecer a história, e ciclicamente vai cometendo estas atrocidades contra tudo e contra todos, quer sejam vidas humanas quer seja o património que tanto dignifica os países que o detêm… E assim se faz a história…
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