BOOOM DIIIAAA !!!
E começo este “BOM DIA” adaptando (intencionalmente aos meus AMIGOS) um texto do filósofo Cícero, em seu livro “Lelio” ou “Dialogo sobre a Amizade” (leitura que eu RECOMENDO).
Nos diz o jurista romano que uma amizade verdadeira possui tão grandes vantagens que mal podemos descrevê-las. Para começar, em que pode consistir uma “vida vivível” que não encontre descanso na afeição partilhada com um amigo?
Que há de mais agradável que ter alguém a quem se ousa contar tudo como a si mesmo?
De que seria feita a graça tão intensa de nossos sucessos, sem um ser para se alegrar com eles tanto quanto nós?
E em relação a nossos reveses, seriam mais difíceis de suportar sem essa pessoa, para quem eles são ainda mais penosos que para nós mesmos.
Os outros privilégios da vida, a que as pessoas aspiram, só existem em função de uma única forma de utilização: as riquezas, para serem gastas; o poder, para ser cortejado; as honrarias, para suscitarem os elogios; os prazeres, para deles se obter satisfação; a saúde, para não termos de padecer a dor e podermos contar com os recursos de nosso corpo.
Quanto à amizade, ela contém uma série de possibilidades. Em qualquer direção a que a gente se volte, ela está lá, prestativa, jamais excluída de alguma situação, jamais importuna, jamais embaraçosa. Por isso, como diz o ditado, “nem a água nem o fogo nos são mais prestimosos que a amizade”.
E aqui não se trata da amizade comum (que, no entanto, proporciona alguma satisfação e utilidade), mas da verdadeira, da perfeita, à qual venho me referindo. Pois a amizade torna mais maravilhosos os favores da vida, e mais leves, porque podem ser comunicados e partilhados, até os seus golpes mais duros.
Então, por “Cícero” eu me/te pergunto: quanto TE vale o meu “BOM DIA” (boa tarde, boa noite, parabéns, etc..)? E se são dados pessoalmente? E se eles são enviados via WhatsApp? Ou se te peço o abraço quando te encontro ou visito o lugar em que estejas?
Quanto vale...? Onde “investimos” o melhor de nós mesmos: o nosso “EU”?
Quanto vale o sorriso de uma pessoa, um telefonema de um amigo em um dia que você se sente sozinho, uma mensagem de esperança, um beijo da forma mais carinhosa possível, uma palavra que venha nos trazer paz, alegria, ânimo, força, energia?
Quanto vale um bom banho, uma cama quentinha, o alimento, o teto em que vivemos, um gole de água quando temos sede, ter fé na vida, o seu corpo funcionando (ou a maior parte dele)? Quanto vale cada um dos sentidos?
Quanto vale a música, a dança, o Sol, a chuva, “aquela nuvem que passa lá encima” (Gilliard – “Aquela Nuvem” – alguém se lembra dele? – kkk)
Quanto vale a sua árvore preferida, seu animal de estimação ou de admiração?
Quanto vale a montanha que você subiu, o oceano que você atravessou, a terra que você pisou descalço, uma semente germinando, o vento, o ar, a bela natureza, a estrela da noite?
Quanto vale ver o seu filho (ou neto, sobrinho, afilhado, protegido) começar a andar, sua família, um idoso transmitindo sabedoria, mãos entrelaçadas, um pássaro que voa? Quanto vale o amigo que acabou de lhe comunicar que está com câncer no pulmão?
Quanto vale o amor, a paz, a gratidão, o perdão, a honestidade, a bondade, a justiça, a integridade, a verdade, a harmonia?
QUANTO VALE O SEU TEMPO?
“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...”
(Legião Urbana – Tempo Perdido”)
Estou retornando de um (longo?, curto? - relatividade do tempo) período de viagens (Setembro 2017 a Fevereiro 2018). No caminho vários encontros e outros tantos desencontros.
Tantos amigos “ocupados” que não consegui abraçar”! Ficou a esperança de uma próxima oportunidade!
E outros tantos (amigos) novos que abracei, trocamos presentes, números de telefones, mensagens nas redes virtuais, instantâneos de fotografias que se eternizam na saudade, almoços e jantares compartilhados.
Quanto vale o “tempo” que INVESTIMOS em nossas amizades?
IN-VES-TIR (do latim “investire”) significa “COLOCAR ROUPAS”, cobrir, rodear... Metaforicamente, para mim, “dar abrigo”, ocupar meu espaço interior.
Como vestimos (ou desnudamos) nossos amigos?
Quanto do meu/nosso tempo investimos nas amizades?
E como “investir” nas amizades ?
O povo diz com sabedoria que “mais vale um amigo do que dinheiro no bolso”; e eu ACREDITO QUE SEJA VERDADE! O dinheiro não resolve tudo, mas um bom amigo pode resolver mesmo aquilo que o dinheiro não resolve.
Lembro-me que Milan Kundera escreveu: “a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu (“A Identidade”).
Atravessando desertos e oceanos, visitando Campos de Concentração, assistindo espetaculos de "fado" ou "tango" , maravilhando-se com os "Brennand" de Recife e "Casapueblo" de Punta del Este (para os amigos que acompanham minhas postagens de fotos e/ou textos), aprendi que “investimos” em um amigo, quando abrimos “espaços”, criamos “desertos”, desbravamos “oceanos” DENTRO DE NÓS MESMOS para que possamos aceitar/plantar/regar/florescer/frutificar nosso “espaço interior”, abrigando o/a amigo (a).
Eu não preciso (e não quero) que meu novo/velho/contemporâneo/real/virtual amigo se enquadre em minhas regras do que é certo ou errado, pois dentro de mim há a ”arte da possibilidade” do novo. E cada “AMIGO” tem lá o seu espaço.
Em minhas viagens percebi pessoas se queixando por terem “poucos amigos”. Mas também percebi que poucos se preocupavam em realizar em si as qualidades próprias para conquistar amigos e conservá-los.
Haviam também, outros, que parecem viver em próprio mundo, em que ninguém entra. Outros, por timidez, insegurança ou desconfiança, temem se arriscar, privando-se de uma das melhores coisas que Deus criou: A AMIZADE.
Vejo “turistas” em Resorts caríssimos ou em Cruzeiros de luxo, mas que em seus olhos (ou na arrogância ao se expressar) demonstram que são profundamente infelizes. Penso que com certeza não conseguiram experimentar a alegria de uma verdadeira amizade. Não sabem que o tempero especial do “Bauru do Carlito” não está na cozinha, mas na companhia de quem eu compartilho o lanche.
NÃO SABER SE ABRIR PARA O OUTRO pode significar morrer/desencarnar sufocado pelo próprio egoísmo. Mamãe teve 11 meses para descobrir isso. Por generosidade Divina, ela teve tempo. Mas, será que nós teremos?
Quando descobrirmos o valor da amizade, a vida se torna melhor, porque vale a pena sentir a felicidade de contar incondicionalmente com alguém.
ACREDITO que a amizade é alimentada pelo diálogo; pela troca de idéias (o que é muito diferente da discussão, em que é uma luta entre dois, onde cada um defende a sua opinião).
Lembro-me que, quando estudei filosofia (já que iniciei com Cícero), adorava ler Aristóteles (e Platão). No livro “VIII da Ética a Nicômacos” diz-nos Aristóteles sobre a AMIZADE:
”Uma forma de excelência moral" ou "concomitante com a excelência moral", "extremamente necessária à vida" . ..."De fato, ninguém deseja viver sem amigos, mesmo dispondo de todos os outros bens".
E logo mais à frente, no mesmo livro, Aristóteles afirma:
"Com efeito, a amizade é uma parceria, e uma pessoa está em relação a si própria da mesma forma que em relação ao amigo; em seu próprio caso, a consciência de sua existência é um bem, e portanto a consciência da existência de seu amigo também o é, e a atuação desta conscientização se manifesta quando eles convivem; é portanto natural que eles desejem conviver.
E qualquer que seja a significação da existência para as pessoas e seja qual for o fator que torna a sua vida digna de ser vivida, elas desejam compartilhar a existência de seus amigos; sendo assim, alguns amigos bebem juntos, outros jogam dados juntos, outros se juntam para os exercícios do atletismo ou para a caça, ou para o estudo da filosofia, passando seus dias juntos na atividade que mais apreciam na vida, seja ela qual for; de fato, já que os amigos desejam conviver, eles fazem e compartilham as coisas que lhes dão a sensação de convivência".
Assim voltamos a nosso conceito de INVESTIMENTO, citado anteriormente.
INVESTIR/ter consciência sobre a importância da (nossa) amizade, da existência do amigo, é um BEM!
Assim, para atingir este bem tão necessário, precisamos CONVIVER (Viver junto com alguém ou com algo (fato), mesmo que não concorde com o mesmo, mas já que este existe é importante para mim)
Lembro-me que em “5 de Agosto de 2016” escrevi a mensagem abaixo para minha AMIGA e MESTRA PROF. ANINHA (Ana Maria) de Assis (SP). Na mensagem, a lembrança do que havia escrito a outra GRANDE pessoa (AMIGA) presente em minha história: a querida SILVANINHA. Segue a integra da mensagem:
“Aninha querida,
Deus nos dá, TODOS OS DIAS (um dia de cada vez) a oportunidade de sermos FELIZES.
Somos "magnetizados" todas as noites, pelo Senhor.
Assim, quando acordamos, somos capazes de atrair boas ou más vibrações.
A ESCOLHA É SEMPRE NOSSA !
Como fotógrafo, trenei meu olhar.
Gosto, sinto, FELICIDADE no Sol, na brisa, na flor (que esquecida, embeleza o mundo), no sorriso da criança, na amizade nova (feita a cada dia) e nos laços fraternos que me unem aos amigos do passado.
Como um dia eu disse para a SILVANINHA,
"...somos mais íntimos dos colegas do passado, do que de nossos conjugês, pois eles nos conheceram na essência".
Num momento especial em que passo (com mamãe vivendo seus derradeiros momentos), não sou por lamentar.
A hora é de AGRADECER (pelos pais que me foram concedidos e pelos AMIGOS - principalmente do passado - que Papai do Céu me presenteou).
TODOS vocês ajudaram a me CONSTRUIR.
Agradecendo por CADA MINUTO que comigo, meus amigos estiveram; cada “chopp” ou sorvete tomado, cada “bauru” compartilhado, cada pizza dividida, cada jantar convidado, por cada linha que me escreveram, por cada telefonema dado.
Continuarei convidando para jantar, almoço, happy hour, churrasco, tomar cerveja ou vinho.
Continuarei recebendo amigos em casa e visitando outros em seus lares.
Continuarei “curtindo” posts e procurando novos amigos.
Continuarei cultivando velhos parceiros e companheiros de jornada.
Porque para mim, a amizade é PRESENTE DIVINO!
E “estar amigo” é uma das formas de agradecer o Pai, porque eu acredito que a amizade é uma forma de amor!
E eu AMO estar entre amigos!
Estou sempre aberto às amizades.
Acredito que em todas as pessoas há coisas boas e coisas màs, e que quando eu dou o meu melhor, também recebo amor e amizade em troca.
Os amigos sao a familia que nós ESCOLHEMOS para estar à nossa volta, e para aquecer o nosso coração nas horas de frio, para nos fazer sorrir quando estamos tristes, para nos dizer as verdades, para por os nossos pés na terra, ou conosco singrar os mares, nos devolver a autoestima quando estamos préstes a perde-la...ENTRE OUTRAS TANTAS COISAS MAIS.
Um dia, o amor disse à amizade: "Para que existes tu, se jà existo eu?" A amizade respondeu: "Para colocar um sorriso onde tu deixaste làgrimas."...